Naquele abraço,

muita mágoa

hipocrisia e falsidade,

quando deveria ser

transmissor e portador

de afeto e de amor.

Quantas palavras são sufocadas

quando nosso peito arde em chamas.

Quantas emoções são sufocadas

quando nosso peito arde em chamas.

Quantos quereres são sufocadas

quando nosso peito arde em chamas.

Quantos sorrisos são sufocadas

quando nosso peito arde em chamas.

Coração, palavras, emoções, quereres,

sorrisos, chamas, vivências...

Pontos que nos levam a autoanálise

O que estará a provocar tantos danos

se com amor, respeito e afeto podemos

transformar o mal em beleza infinita.

Serão desencantos, mágoas e tristezas

ou a falta de tempo para compartilhar

alegrias e tristezas com a família.

Coração, palavras, emoções, quereres,

sorrisos, chamas, vivências... podem

gerar, em nossos corações, infinita beleza.

Há dias, sonho e desejo escrever;

porém, minhas ideias não afloram.

Meu eu preocupa-se

com a colheita que aspiro fazer,

pois o meu dia a dia

está levando-me a divagações.

Tento, tento, mas meus pensamentos

não se organizam.

Continuam a vagar...

Quero produzir, não devo parar.

A palavra escrita é o corpo;

os pensamentos, a alma.

Escrita, plantação; ideias, sementes;

produção, colheita...

Pobre alma a minha

que pouco tem colhido!

Que pragas estão a contaminar

a minha lavoura?

Serão preocupações, medos ou revolta

contra os atos violentos e desumanos

que estão a acontecer

todos os dias, no nosso país e no mundo.

Ou será que a fonte literária

que regava essa terra secou?

Haverá outros fatores também? Talvez...

Minha aspiração levou-me a perceber

que, em terras gaúchas, 

as plantas do amor, do respeito,

da solidariedade e da ética

florescem viçosas e aromatizadas,

indicando um novo amanhã.

E eu, neste momento, outrora,

sem perspectivas de uma boa colheita,

vejo brotar novas ideias

e as transbordo repleta de esperança.

O aroma das árvores 

e o meu coração orvalhado

de afeto, de compreensão,

de ternura, de emoções,

de desejos e de amor,

levaram-me a desenrolar

o novelo da vida

e avaliar o trabalho

que já teci

de minha existência.

Sinto-o brilhante

como estrelas,

numa belíssima noite

de primavera,

a admirarem o bailado

dos vaga-lumes.

No entanto, verifiquei

que há emoções a vivenciar,

desejos a desvendar,

escolhas a fazer

e revelações a serem feitas;

para enfim,

num

olhar

afetuoso

empatia

sonhos

expectativas.