Nosso dia a dia é um contextualizar

tudo e todos.

Na busca de compreender o mundo

e a nós mesmos,

deparamo-nos com sonhos fantásticos

e realidades desencantadoras

numa constante ruptura

com o eu emocional e o racional.

Nesse aflorar e extravasar

sensações e experiências,

muitos subterfúgios e descobertas.

Mãos dóceis e habilidosas

que ao organizarem as palavras,

dão-lhes sentido e vida.

Mãos inconscientes e ousadas

que não temem a conseqüência

de seus gestos cruéis e mesquinhos.

Mão envelhecidas e trêmulas

que muitos ensinamentos

e amor transmitiram.

Mãos... mãos... mãos...

que traçam caminhos

e levam a vida a corações. 

Lembranças fragmentadas

veem e vão.

A maioria orvalhada

por imensos campos verdes,

frutos maduros,

crianças alegres e sorridentes,

tudo como um despertar

radiante de primavera.

Minhas lembranças,

embora fragmentadas,

trazem o perfume das flores

e o cheiro da terra úmida,

após uma chuva rápida

e dissimulada. 

Recordações que me levam

a rever rostos amigos

e a despertar para a vida. 

Noite... Trovoadas... Relâmpagos...

Trevas... Um grito estridente...

Portas e janelas batendo...

Passos apressados...

Longo arrepio pelo corpo.

Cabelos em pé.

Um grito apavorante

ecoa na escuridão da noite.

Trêmula, sento-me na cama.

Que susto!

Ao mergulhar no fascinante

universo literário,

quero emergir palavras,

fantasias, magia e alegria.

Das verdes águas do mar,

quero emergir poesia,

prosa, amizade e amor,

a fim de irradiar paz,

luz, energia e felicidade.