Lá fora,

depois de um dia exaustivo;

uma noite mal dormida

e conexão em São Paulo,

um sol ardente

embala uma tarde sonolenta. 

a inspiração

para meus versos,

que, por hora, mantém-se

calada e silenciosa.

Não quero continuar

alheia à vida poética.

Na janelinha do avião,

sinto-me sem horizonte.

Tudo é cinza, branco e azul.

Princípio, meio e fim

sem limites.

Eu, na poltrona F,

sem horizontes claros e precisos;

voo ao encontro dum objetivo.

Seu dia a dia tem-lhe trazido

lembranças amargas

e a transportado para lugares

onde as feridas, outrora esquecidas,

acreditava tê-las cicatrizado.

A vida, sem expressivas

e grandes emoções, está passando,

pois há muito perdeu o encanto

e a alegria.

Seu desejo secreto

é o de viver, de viajar

e de conhecer outras pessoas;

quer aventurar-se ao novo

e, por fim, reencontrar o gosto

pela vida.

Mas o que tem feito por si?

Nada... absolutamente nada!

Sempre está a priorizar

as necessidades

e os problemas alheios.

E eles, o que fazem por ela?

Nada, absolutamente nada!

Seus dias são escuros

e frios;

chuvosos e angustiantes;

ventosos e aterrorizantes.

Só há insatisfação!

Meninas ligeiras brincam

e tagarelam no parque.

Essas olham sorrateiras

para os alegres garotos

que andam de skate pela calçada.

De quando em quando,

olhares se cruzam;

sorrisos se batem

e milhares de emoções afloram.

Raramente, um sobressalto,

pois tudo é felicidade e magia.

Indagações, no ar;

chamas ardentes, nas veias;

luminosidade, nos corações;

intensa fragrância de amor

a espalhar-se pelos corpos,

tal qual um doce calafrio

a apossar-se desses jovens

como um todo.

Fragrância... Calafrios... Emoções...

Jovens... Encontros... Um começo!