Sábado frio e chuvoso;

motorista nada simpático e social;

passageiros sobem e descem;

cavalos rodopiam

numa pista de lama

num belíssimo bailado

tais quais as palavras

em minha cabeça,

que insistem

para se tornarem concretas;

temem ser substituídas por outras

como as gotas da chuva

que caem no para-brisa do carro. 

Sábado frio e chuvoso,

viagem cansativa e desinteressante

Falar de Teatro em Versos

requer um resgate

nos Anais da Dramaturgia

de quatro Nomes

de Grande Expressão:

William Shakespeare,

Gil Vicente, Martin Pena

e Qorpo Santo.

Esses, além de terem trazido

às suas pacatas cidades vida,

alegria e polêmica; tiveram,

em comum, outros aspectos:

grafia ilegível, irreverência,

talento e brilhantismo.

Embora tenham vivido

em épocas diferentes,

o ser dramaturgo

não dava nem impunha

respeito e reconhecimento;

no entanto, não desistiram

de seus sonhos e ideais

com ousadia e maestria.

Felizmente, com o passar dos anos,

horizontes abriram-se para o Teatro. 

Ao pensar em ti,

meus neurônios entram em choque.

Ao reagirem, agridem-se.

Uns se acham superiores aos outros

e a confusão está formada.

Socos, tapas, palavrões...

Que horror! Do choque à guerra.

Haverá sobreviventes? Não sei.

Talvez sim, talvez não!

Coitados, já são poucos

e andam bastante cansados.

O que houve?

O que está acontecendo?

Perderam a razão

ou enlouqueceram?

Coitados, o que fazer?

Basta eu pensar em ti

e eles voltam a se agitar,

recomeçando a confusão.

Acabou! Não mais pensarei em ti!

Teria sido premunição

ou o afeto, que tínhamos

um pelo outro,

que me levou a sentir

um grande aperto

no peito,

ao longo do dia,

intensificando-se, à tarde.

Eras um amigo fiel,

companheiro e querido

bastante sedento

de carinho e aconchego.

Pelo faro, reconhecia-me,

assim como

as poucas pessoas

que tinham ternura por ti, 

pois há alguns meses

estavas cego.

Morreste, hoje, 3 de agosto,

deixando-me

um imenso vazio

e a certeza

que o cão, realmente,

é o melhor amigo

do homem.

Trovão querido,

não mais consigo escrever.

Tenho, na garganta,

um grande nó

e muitas lágrimas nos olhos.

Adeus, inesquecível amigo,

deixa-me

muitas saudades!

O Carteiro traz no coração 

e na memória 

o mapa da cidade 

e a conhece 

na sua intimidade. 

Faça sol, faça chuva; 

levando, no ombro,

uma sacola cheia

de correspondências.

Diariamente, percorre

muitos quilômetros

visitando as residências.

E, nesse vaivém, conquista

simpatia e confiança.

O Carteiro do meu bairro

é bastante carismático.

Esse traz nos lábios

um sorriso acolhedor

e, no olhar, credibilidade,

respeito e vivacidade.