Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

MEIA NOITE NA ESCOLA 

 

Há muito tempo, eu estudava na escola Padre José Herbst, uma escola na cidade de São Lourenço do Sul/RS. Era uma escola muito boa, com bons professores, bons alunos e coordenadores. Desde aquela época o que mais me prendia a atenção eram os dias nublados e os momentos à noite na escola (festas natalinas, páscoa, entre outros). Estes dias aparentavam serem dias normais, mas exatamente às 14h55min de um dia de chuva e nublado, as luzes começavam a piscar e um grande som começou a tocar como se fossem gritos misturados com uma macabra música.

Certa noite ocorreu uma festa do pijama apenas com minha turma. Deveria ser com todas as turmas que estavam no ensino fundamental 2, mas por causa da forte chuva que ocorreria naquele dia, foram apenas seis pessoas, todas da minha turma. Apesar da chuva e da pequena quantidade de alunos, foi uma noite legal e divertida, até meia-noite chegar.

As luzes começaram a piscar e aquele mesmo esquisito som que tocava à tarde, se repetia. Estávamos com duas professoras: Eliza, de arte e Milla, de Inglês. As luzes que piscavam, se apagaram e as professoras sumiram, restaram apenas seus objetos de trabalho e a chave da escola.

Eu estava quase entrando em pânico, quando, a luz apagou novamente, dessa vez, definitivamente. E o sinal telefônico, havia acabado. Resolvemos então procurar o disjuntor e tentar acender as luzes. Ninguém queria ir à frente para procurar, mas meu melhor amigo, o Rodolfinho, viu a situação e resolveu ir no nosso lugar. Ele era meio lerdo, mas conseguiu achar o disjuntor de primeira, pois estranhamente, seu medo o deixava mais ágil. Tentamos o ligar, mas ele não queria acender. Então, por causa de minha amiga Ysadora, eu tinha uma vela e um isqueiro (era seu aniversário e eu havia levado estes itens para cantarmos parabéns para ela antes de dormirmos) então acendi a vela para termos um pouco de iluminação. Gabriela, minha amiga, deu a ideia de subirmos para o segundo andar para vermos se a as professoras estariam lá.

Quando estávamos subindo, no sexto degrau, havia um papel escrito com tinta preta e a seguinte frase em inglês: “I will kill you all if you go up to this floor” e como ainda não conhecíamos direito a língua inglesa apenas as regras básicas, pedimos para nossa colega, Mikka, que fazia aula de inglês, traduzir para nós e dizia: “Eu vou matar todos vocês se vocês subirem até este andar”. Todos os meus colegas estavam assustados, alguns estavam até chorando. Um colega meu, chamado Martim disse:

– Não podemos ficar aqui na nossa sala sem fazer bulhufas, mesmo que arrisque nossas vidas devemos subir até o segundo andar e ver o que está acontecendo.

Todos nós concordamos, até porque estávamos sem as nossas professoras, ou seja, estávamos vulneráveis e sem opção.

Então, subimos até o segundo andar. Eu estava na frente de todos, com a vela e o Rodolfinho estava com o papel da ameaça. Enquanto Ysa e Gabi estavam abraçadas, Martim estava falando com a Mikka algo que aparentava não poder ser dito em voz alta.

Quando terminamos de subir as escadas, um som estranho, parecido com um ruído, começou a tocar. Era assustador. A cada passo e a cada piscada, o som aumentava. Eu estava chorando sem nem perceber. O som estava vindo da última porta virando o corredor. Rodolfinho abriu a porta para mim, pois eu estava tremula de mais. Aparentava não ter nada de mais, quando vimos um espírito. Não era qualquer espírito, ele tinha olhos completamente brancos, estava nu e tinha cabelos que o cobriam até os pés. Nós chegamos mais perto, mas não deveríamos ter feito isso. Ele saiu caminhando, quero dizer, voando muito rápido atrás de nós gritando “PARABÉNS YSADORA”

Nós saímos o mais rápido o possível. Fomos até a praça da nossa cidade e ficamos lá até as 03h da manhã, o qual foi o horário que conseguimos um táxi para ir nos buscar. As professoras estão sumidas até hoje e ninguém sabe que bicho é aquele, só sabemos que aquela noite foi terrível.

Maria Flor dos Santos Seefeldt - 14 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 17/07/2025
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