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SEMPRE AO SEU LADO
Era sábado de manhã quando a campainha tocou na casa dos Pizzolotto. Laura, uma jovem de 18 anos, levantou-se rapidamente em direção à porta, com esperança de que fosse sua tão esperada carta de aceitação de uma universidade americana. Ela pulava de alegria. Sua comemoração acordara sua família, composta por seus pais, irmã mais nova e seu octogenário avô. Todos foram em direção à sala para saber o motivo de tanto barulho. A jovem fora aceita na renomada universidade americana Columbia, localizada em Nova Iorque, onde cursaria moda e design — assim como sua avó, ela era uma ótima costureira e adorava inventar moda. Laura subiu rapidamente as escadas, indo em direção ao seu quarto, para organizar tudo, cada detalhe, já que, em menos de duas semanas, as aulas começariam. O tempo nunca passara tão rápido. Duas semanas depois, a garota encontrava-se encostada em sua porta, encarando aquelas paredes brancas, sem graça, sem seus pôsteres de filmes e musicais da Broadway. Ela refletia sobre como sua vida recém começara e quantas mudanças aconteceriam que ela nem imaginava. Milhões de pensamentos borbulhavam em sua mente quando, de repente, um a pegou de surpresa: como sua avó ficaria feliz em vê-la conquistar o seu sonho. À medida que se aprofundava nesse pensamento, lágrimas escorriam por suas bochechas rosadas. Inesperadamente, a porta se abriu, tirando Laura daquele transe sentimental. Era seu avô, o velho Arthur, um senhor muito jovial para sua idade. Em suas mãos, ele carregava um pequeno caderno de notas, coberto por uma capa de couro marrom, já desgastada pelo tempo. O senhor não falara muito, somente pegara a mão de Laura e dissera: “Sua avó ficaria feliz em te contar mais uma história!”. Em seguida, colocou o caderno nas mãos da menina e saiu calmamente pela porta. Ela ficara curiosa para descobrir o que estava escrito no caderno. Então, sentara-se no chão e começou a ler. Logo na primeira página, a seguinte história se encontrava escrita: “Hoje, dia 24 de agosto de 1964, decidi que começarei a escrever nestas páginas alguns pensamentos, desabafos e ideias soltas, mas acho que antes devo contar um pouco da minha história: Chamo-me Virgínia Pizzolotto, nasci em uma cidade chamada Trento, localizada no norte italiano. Quando tinha oito anos, me mudei juntamente dos meus pais para Garibaldi, no sul do Brasil, pois, naquela época, a economia na Itália era péssima e a política era repleta de incertezas. Lembro-me muito bem da minha infância na serra, em Garibaldi, quando as manhãs eram calmas e tinham cheiro de uva esmagada. Demorei um pouco para aprender português, mas, com a ajuda de amigos, fui melhorando. Aos 18 anos, o tio que morava em Porto Alegre nos convidara para tentar a vida lá, já que meu pai estava gravemente doente. Na cidade, comecei a confeccionar roupas, a princípio, não gostava daquele agito urbano, mas algo, ou melhor, alguém me fez mudar de ideia. Arthur, um belo rapaz de olhos castanhos, pelo qual me apaixonei, e estou casada com três filhos até hoje.” Quando Laura acabava de ler, já estava a caminho do aeroporto. Era bom saber mais sobre sua avó, alguém que ela tanto admirava, mas de quem pouco sabia de suas origens. A garota não sabia se o destino fora coincidência ou um sinal, mas a leitura renovara a promessa de sua avó: ela sempre estaria ao seu lado, independente da situação e de onde estivesse. Isso a reconfortou muito. Agora ela estava preparada para o que viesse no futuro, pois ela sabia que jamais estaria sozinha. Giulia Gonçalves Kollet – 15 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 17/06/2025
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