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AO SOM DE UMA MÚSICA
Ao som de uma música, permito lembrar-me de situações gostosas e desagradáveis de um passado longínquo. Agradável: vivências da infância; Desagradável: a Guerra dos Farrapos. Foi nos bancos escolares, nas aulas de História, disciplina pela qual não tinha nenhum encanto, que tomei conhecimento sobre a Revolução Farroupilha, movimento que iniciou em 20 de setembro de 1835 e durou cerca de dez anos, quando muitas pessoas morreram. Seu Alceu, o professor de História, explicou-nos que esta teve como líder Bento Gonçalves e que Giuseppe Garibaldi e David Canabarro foram responsáveis por levar a guerra a Santa Catarina. Disse-nos que Giuseppe Garibaldi foi um dos grandes nomes da Guerra dos Farrapos e que os combates davam-se em confrontos de cavalaria e, que a paz foi assinada no Tratado de Poncho Verde, em que os farrapos colocaram fim na revolta, na condição de derrotados. No término das aulas sobre este assunto, enfatizou que a revolta realizada pelos farrapos não tinha caráter abolicionista, uma vez que muitos dos estancieiros e charqueadores possuíam grande quantidade de trabalhadores escravos. No entanto, alguns farrapos defendiam o abolicionismo, mas o movimento, em si, não tinha como objetivo promover a abolição da escravidão. Só aprendi a gostar de História, no Científico, com as aulas de Literatura, disciplina que me seduziu. Na Infância, eu corria e brincava num jardim imenso, onde havia muitas flores coloridas, que brilhavam com a luz do sol. Em frente a casa, um lago e neste tinha uma pequena canoa que parecia aguardar-me para o passeio do fim do dia. Patinhos caminhavam, com altivez, à sua margem, e eu, em disparada, passava em uma ponte, improvisada por meu avô, jogando-me de um lado ao outro. A peraltice foi uma habilidade que dominou a minha infância. Pular n’água para afugentar os patos, os marrecos e as garças fascinava-me tal qual colher frutos no alto de uma árvore. Vivia cheia de esfoliações, entretanto não me recordo de chorar ou reclamar das dores. Isso me impediria de ser criança! Eu queria curtir e eternizar todos os momentos. A figueira sorria-me e, quando eu a abraçava, sentia-a como cúmplice de minhas artes. Ao ouvir a voz de um adulto a me chamar, protegia-me atrás de seu tronco e, quietinha, absorvia o seu doce perfume. Por diversas vezes, fui encontrada adormecida a seu pé, repousando sobre suas folhas secas. Segundo o Prof. Dr. Valdeci Rezende Borges, da Universidade Federal de Goiás/Campus Catalão, a história atua como processo social e como disciplina, e a literatura, como uma forma de expressão artística da sociedade possuidora de historicidade e como fonte documental para a produção do conhecimento histórico. Na época, eu não tinha esta compreensão!
*Pintura - Guido Mondin Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 24/03/2025
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