Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

CELESTE MARIA MASERA LOURENÇO

 

Celeste Maria Masera Lourenço, a Poetisa do Coração, nasceu em 17 de março, em Porto Alegre/RS, filha de Dona Paquita de Amaral Masera e do Dr. Álvaro Sérgio Masera, jornalista e poeta gaúcho. Nascida cinco meses após o falecimento de seu pai, teve uma infância enfaixada de luto, sendo esta, talvez, um dos motivos da tristeza de seus versos.

Iniciou seus estudos no Grupo Escolar Protásio Alves. Aos oito anos, fez seus primeiros versos. Concluiu o Ginásio no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho, obtendo a Medalha Honra ao Mérito pela excelente conduta e aplicação. Foi considerada a melhor aluna de latim de sua turma, escreveu um livro para principiantes, intitulado "Latim ao Alcance de Todos". Tirou os primeiros anos de Curso Clássico no Colégio Júlio de Castilhos, sendo que o segundo ano fez à noite, pois lecionava à tarde no Curso Ginasial Tiradentes, sendo que, anos mais tarde, substituí o Prof. José Grazziani, na cadeira de Latim, no curso noturno.

Aos quinze anos, foi convidada pelas poetisas Aurora Nunes Wagner e Aura Pereira Lemos para ingressar, assim que atingisse a maior idade, a Academia Literária Feminina do Rio grande do Sul, para qual escolheu, como Patrono de sua cadeira, a poetisa Auta de Souza.

Seu primeiro poema foi publicado no Jornal do Dia, de Porto Alegre/RS: "A memória de meu pai". Suas produções receberam várias homenagens de diversas entidades culturais nacionais e internacionais. Seus Sonetos e Poemas foram traduzidos em várias línguas.

Em 1956, lançou seu primeiro livro "Voz do coração", prefaciado pelo Dr. Valdemar de Vasconcellos, que foi traduzido em vários idiomas.

Em 1957, publicou "Tristezas", em prosa e verso, em homenagem a uma familiar vítima de acidente de rua.

Em 1958, passou a ser conhecida no Brasil e no exterior como a "Poetisa do Coração"; fundou o Grêmio Literário Castro Alves e o Jornal "Voz do Sul", que circulou em vários estados do Brasil.

Em 1959, lançou "Nuvens que Passam", prefaciado por Stella Brum, sendo que, com este livro, firmou seu nome como intelectual.

Em 1961, publicou "Reticências", seu primeiro livro de Trovas, pelo qual foi muito elogiada. Celeste Maria Masera foi a primeira Delegada que teve o Rio Grande do Sul do Grêmio Brasileiro de Trovadores, nomeada pelo poeta baiano Rodolfo Cavalcante. Neste mesmo ano, recebeu o Título de "Castroalvista dos Pampas", por ter sido a Poetisa que inaugurou o Intercâmbio Interestadual Castroalvista.

Em 1962, foi instituída a "Taça Celeste Masera", para ser oferecida nos Concursos da Semana de Castro Alves, aos vencedores de Poesia Clássica. Participou ativamente de vários programas de rádio. Neste ano, publicou “Ternura”, versos de amor, que conquistou os corações apaixonados. Em sarau do Grêmio Literário Castro Alves, conheceu o poeta e Historiador Antonio Silveira Lourenço, com quem contraiu núpcias, anos mais tarde. Desta união, nasceu em 30 de maio de 1966, Caio Graco, jovem que herdou o Dom de seus Pais e de seu Avô Materno,

Em 1963, presidiu uma caravana de intelectuais gaúchos à cidade de Santos, para as Comemorações do Mês Martins Fontes, a convite do poeta Aristheu Bulhões, ocasião em que lançou seu livro "Ternura", que foi vivamente aplaudido e recebido com louvores, inclusive pelo poeta Cassiano Ricardo. Na despedida, fez de improviso o soneto "A Rosa que te dei", oferecido aos poetas paulistas.

Em 1964, reuniu em Porto Alegre/RS, caravanas de intelectuais de outros estados, para os festejos da Semana de Castro Alves. Neste ano, Celeste perdeu sua progenitora e companheira inseparável, Dona Paquita de Amaral Masera, para quem compôs o "Poema Escrito no Dia das Mães", considerado pelos críticos, como um mais belos poemas em homenagem a alguém. Fez parte de diversos Concursos de Poesia Clássicas de Entidades do País, pelo seu espírito de justiça e seus profundos conhecimentos. Diversos autores de poesias clássicas não publicavam seus livros sem a sua opinião a respeito dos mesmos. Prefaciou mais de 100 livros de poesia, o que vem a provar a admiração e o respeito que seus confrades lhe tributavam.

Em 1966, fundou a Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves, com quarenta cadeiras para Membros Efetivos, sendo a Cadeira N° 1, da Poetisa Fundadora, cujo Patrono é Castro Alves.

Em 1967, organizou o material que dispunha para registrar a Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves e o Grêmio Literário Castro Alves. Infelizmente, não teve sucesso por ter encontrado vários obstáculos.

Em 1968, lançou, com êxito, o livro "No apartamento azul", cujas poesias, no dia do lançamento, foram declamadas pelo Poeta Ítalo Gatto.

Em 1971, na cidade de Farroupilha, no Rio Grande do Sul, houve uma Gincana em que foi oferecido hum mil cruzeiros para o grupo que conseguisse o primeiro lugar, trazendo o livro "Voz do Coração", autografado pela Poetisa Celeste Maria Masera. O maior prêmio oferecido ao grupo vencedor.

Em 1975, publicou o livro "Escuta", prefaciado por Inocêncio Candelária, de Mogi das Cruzes/SP, pelo qual recebeu os inúmeros cumprimentos, inclusive do Senador Dr. Paulo Brossard.

Em 1976, participou de folhetos literários e culturais. Seu acervo consta com mais de trinta livros em prosa e verso, sendo um deles intitulado "Eu e Castro Alves", devido a um sonho que teve com o poeta condoreiro, com o Santo de sua Devoção, como ela mesmo dizia.

Em 1977, Celeste Maria Masera passou a presidência da Academia Castro Alves à Acadêmica Sra. Glory Mello Eichenberg, por sentir necessidade de tempo para seus escritos. “Quando ouvires, nas longas cachoeiras / Um estrondo... que vibra singular / São as águas, que cantam prazenteira.”

Em 1978, a “Poetisa do Coração” continuou colaborando com Jornais e Revistas do país e do estrangeiro, tendo sido considerada uma das Melhores Poetisa Lírica Brasileira, de sua Geração. Seu Poema “Um Mendigo” foi considerado pela crítica como um dos mais Expressivo Soneto da Língua Portuguesa.

Em 1979, foi laureada com mais de cinquenta diplomas, entre eles, o de Membro de Honra do Grupo Hispânico Americano de Barcelona: da Academia Zenith de Costa Rica: do Comitê Lírico de Damas Patriciais Mariquita Sanches Tompson. Neste mesmo ano, recebeu Condecoración Lírica de La Rosa Blanca.

A partir de 1980, Celeste Maria Masera, amante da justiça e da liberdade, adotou como lema de vida: “Creia em Deus e dê Amor ao Próximo”. Embora tenha vivenciado momentos alegres e tristes, continuou fazendo do seu ideal poético um verdadeiro sacerdócio.

Em 1983, perdeu o seu esposo, fato que muito a entristeceu. Na expectativa de amenizar a dor e a saudade, inúmeros poemas escreveu em sua homenagem. “Mas, se tudo na vida tem um fim / Por que não morre, Deus, esta saudade? / Que vive, soluçando, dentro em mim.”

De 1984 a 1997, ainda que estivesse com problemas de saúde, escrevia quase que diariamente, poemas homenagens a familiares, a amigos e a equipe médica que, com carinho, estiveram sempre ao seu lado.

Em 07 de junho de 1998, Celeste Maria Masera Lourenço, às 09h:20minutos, faleceu. Segundo ela: “Morre o poeta e fica uma saudade / Parte o poeta e fica uma ansiedade / E fica a terra envolta em negro véu.”

Por ter a oportunidade de escrever uma breve História Vital da Presidente Fundadora da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves e do Clube Infanto-Juvenil Erico, Sra. Celeste Maria Masera Lourenço sou-lhe gratidão, amor e emoção; “Mexer em teus papéis nesta hora tardia / Quando paira no ar um silêncio profundo / Dentro do meu ser há dor e nostalgia.”

Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 17/03/2025
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