PROFESSOR NOTA DEZ

Aquele professor era fora de série! Simplesmente não existia. Era idolatrado pelos seus alunos. Sua avaliação, como professor, coincidia com a avaliação que os alunos lhe faziam, e eram as mais altas possíveis. Até hoje ninguém conseguiu sequer saber o que é que ele tem que alguns outros não têm. Talvez se igualasse à professora "Carmosina", aquela mestra que tinha visão do mundo em que vivia e que viveria, que pensava além, e projetava em seus alunos essa maneira de ver as coisas. Quem sabe?

Para demonstrar seu carinho, os alunos faziam mil e uma brincadeiras. Certo dia, o professor chegou à sala com a disposição que lhe era peculiar, de ministrar uma excelente aula. Mas eis que não ouviu sequer um ruído. Nada! Aquele silêncio que não era comum. O que teria acontecido? Teria feito algo que magoasse seus queridos alunos? Por mais que buscasse em sua memória, não conseguia chegar a um veredito sobre a questão. Vasculhou canto por canto da sala. Teve ímpetos de chorar. O jeito era colocar seus planejamentos de aula debaixo do braço e retirar-se daquela amada sala. Assim, caminhando pensativo, cabisbaixo, parou um instante próximo à escadaria daquela escola. Mas eis que de repente, num abrir e fechar de olhos, salta sobre ele uma turma de alunos fazendo ruídos com apitos, assobios e gestos exagerados! O susto foi enorme! Mas por outro lado, respirou aliviado pela brincadeira, um tanto exótica, de seus amados alunos.

Além dessa brincadeira, muitas outras ocorriam em suas aulas, que eram motivo de alegria, de piadas, nos semestres que se seguiam.

Esse professor nota dez era amigo, companheiro, conhecedor profundo do seu trabalho, e de como receber e incentivar o seu aluno em todos os momentos.

Por tudo isso, foi várias vezes convidado a paraninfo. Para os eventos, preparava seu discurso num linguajar claro, sempre pensando em não sobrecarregar os formandos e convidados.

No final, esse professor nota dez era ovacionado pelos afilhados e convidados.