Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

LARA, O MEU PRIMEIRO AMOR!

 

Pietro estava muito entusiasmado com o início do ano letivo. Via-se como um menino grande. Seis anos, 1º Ano do Ensino Fundamental. Quantas expectativas!

Antes de sair de casa, olhou-se no espelho por várias vezes. O uniforme era novo e diferente da Escola Infantil. Tudo novo! Achou-se elegante e bonito!

Despediu-se do pai, deu a mão à mãe e, devagar, caminharam até o colégio. O reencontro com os colegas foi de total euforia. A sala, onde teriam aulas, era grande e as mesas estavam organizadas, em filas, duas a duas. Impressionado com o cenário, quando se deu conta, era o único de pé. Na primeira fila, em frente à mesa da Professora, duas mesas vazias; dirigiu-se a elas e sentou-se. Nisto, bateram na porta, pediram licença e entraram. A secretária foi anunciando:

– Temos colega nova! Chama-se Lara.

Olhei curioso, a única mesa livre era ao meu lado. A Profe. a botou nele. De imediato, coloquei-me a disposição caso precisasse de alguma ajuda.

O primeiro semestre do ano letivo transcorreu bem, embora sempre tivéssemos muitas atividades a fazer em casa, trabalhos em grupos ou em duplas. Os, em dupla, fazia com a Lara. Por fim, era ela que me auxiliava. Nos passeios escolares e, em alguns recreios, compartilhávamos o lanche. Muito legal!

Agosto, primeiro dia de aula! Nada de Lara! Senti um desconforto. Seria minha colega, o meu primeiro amor? 

A Professora, embora percebesse a sua ausência, não fez nenhum comentário. Retornei a minha casa, tristonho e com uma sensação ruim. Minha mãe falou;

– Creio que Pierre irá gripar! Está muito quito!

No dia seguinte, Lara chegou à sala trazendo um boque de rosas e uma sacola de uma livraria. Após entregar as flores à Professora, explicou que estava deixando o Colégio, porque o pai havia sido transferido, mas, que levava, com ela, lembranças de muitos momentos agradáveis vividos conosco e, em especial comigo.

Mal terminou de falar, correu em minha direção, beijou-me no rosto e entregou-me a sacola. Nela, um exemplar do livro “Kafka e a Boneca Viajante”, de Jordi Sierra i Fabra.

Lara deixou a sala limpando os olhos e, eu, não impedi que as minhas escorressem pelo rosto. 

Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 22/11/2024
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