Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

O CRIME DO CADERNO

 

Num dia, eu estava olhando o celular, quando, de repente, ele apagou e, quando acendeu, apareceram páginas de um caderno, onde estavam escritas palavras horrorosas, as quais me deram medo. Logo, saí correndo para ligar à polícia. Eles, ao me atenderem, acharam que eu estava brincando. Quando falei:

– Socorro!

Entenderam- me e pediram para eu me acalmar para eles pegarem o meu endereço. Falei:

– Moro na Rua Wixitones, nº 402. Eles vieram rápidos ao meu encontro. Quando chegaram, de imediato, pediram para ler os escritos. Expliquei-lhes que não conseguia ler porque estava com medo. Na realidade, tudo que lera até aquele momento me apavorava. Recomendaram-me que tivesse calma.

– Senhora, deixei-nos ler. Dei o celular aos policiais, que perplexos, leram os escritos. De repente, ouvi um falar ao outro:

– Isso tem ameaça de morte e é muito sério!

Moça, nessa noite será perigoso à senhora ficar aqui. Há risco de alguém lhe fazer algo ruim.  Comecei a chorar, quando ouvimos barulhos altos. Eles pegaram suas armas e gritaram:

– Tem alguém aí? A resposta foi sim. Um deles foi à rua; o outro ficou comigo. Falei-lhe que eu poderia me trancar no quarto e ele ir estar com o outro policial. Rápida, corri ao meu quarto, mas, de tão nervosa, sem querer, quebrei a chave na porta. Automaticamente, comecei a gritar, porém, não conseguiam me ouvir, já que o barulho, que se parecia com um grito, estava muito alto. Entrei em desespero, quando ouvi o som de uma sirene.

Eram cinco viaturas da polícia que haviam chegado. Duas policiais vieram falar comigo e me deram a notícia de que os policiais que vieram primeiro tinham morrido, atingidos por tiros, fiquei em choque e com mais medo. Embora nervosa, notei que um dos policiais estava agindo de uma forma esquisita. Fiquei receosa que me matasse. Mas se eu estou contando esta história é porque eu estou viva e bem. Os policiais, após longa busca, acharam a pessoa. Essa tinha uma pena de mais de trinta anos para cumprir. Não era mais jovem e o risco de morrer na cadeia era grande.

Hoje, não consigo morar sozinha, tenho medo que me aconteça, de novo, algo ruim. Com o passar dos dias, tornei-me amiga dos policiais. Em breve, irei me casar e eles serão os meus padrinhos. Aquela casa virou um ponto turístico. Pessoas vão ate lá tirar fotos e tentam sempre descobrir o meu nome.  Chamo-me Letícia e sou aquela pessoa que vivenciou tudo isso. Desses, tive vários aprendizados.

Sei que, daqui para frente, poderá ser muito difícil, mas eu confio no meu sucesso. Essa minha história é muito louca e assustadora, entretanto, o pior, é saber que as pessoas não confiam nem acreditam em mim, fato que não me surpreende. Nem sempre eu acredito em mim e me pergunto:

– Por que os outros têm que acreditar nessa realidade? Dizem que o medo supera barreiras, não sei! Hoje, sou feliz com os meus medos e inseguranças, apesar dessa história ter me causado uma grande depressão. Ainda tenho medo de quaisquer barulhos, altos ou não, fazem-me lembrar daquela noite.

Moral da história: Independente do que lhe aconteça, isso poderá lhe deixar marcas profundas, ou lhe fazer ficar doente por meses ou anos.

Andréa Oliveira Porto Nunes - 15 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 10/09/2024
Alterado em 11/09/2024
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