Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

LEMBRANÇA LITERÁRIA

 

Em 1960, tinha eu onze anos e estudava em um colégio particular, quando, numa aula de Português, a professora avisou a turma, que a atividade do dia seria uma redação, tendo como tema “A Paz”.  Lembro que comecei o texto por três vezes, mas por não gostar, amassava as folhas. O sinal bateu para o recreio, eu e quatro colegas não tínhamos concluídos os trabalhos. Nisso, ouvimos:

– Na sala, ficam quem ainda não entregou o texto.

Minutos depois, coloquei a minha produção na mesa da professora, considerando-a ótima. Qual a surpresa, na semana seguinte, quando as redações nos foram devolvidas. No alto da minha folha está escrito “Trabalho inadequado!” Lágrimas escorreram em meu rosto. Decepcionada, dobrei a folha em várias vezes e a coloquei no estojo. Em casa, guardei-a em uma Caixinha de Fósforos e as escondi no fundo de uma gaveta.

Quatro anos depois, ao fazer quinze anos, ganhei de um dos convidados, um Porta-Joias, onde coloquei a Caixinha de Fósforos. Dessa, nunca me separei! De quando em quando, relia o texto e continuava sem entender a observação da professora.

No dia 12 de setembro de 2023, ao preparar a mala para ir a São Paulo/SP, a fim de participar do “International Forum for the Literature and Culture of Peace”, 8ª edição do IFLAC World Brazil Peace Congress – Congresso Internacional de Literatura para a Paz “Ada Aharoni”, que seria realizado de 13 a 16 de setembro de 2023, no Memorial da América Latina, Auditório Simón Bolívar, acidentalmente bati no Porta-Joias; dele voou a Caixinha de Fósforos, a qual botei na bolsa de mão.

O Congresso foi fantástico! A Programação organizada por um Grupo de Poetas, tendo como Coordenadora a Mato-grossense Dra. Delasnieve Daspet, atendeu as expectativas do público presente. Na ocasião, coube-me, no último dia, abrir as atividades declamando três poemas, de minha autoria, com o tema “PAZ”. Impulsivamente, abri a bolsa e, da Caixinha de Fósforos, tirei o

Poema escrito há sessenta e três anos. Embora insegura, disse: A Caminho da Paz, de Ilda Maria Costa Brasil: Cada momento passado é irrecuperável. / Tanto crianças, jovens quanto adultos / ora apreciam as alegrias da vida, / ora ficam tristes com a realidade atual. / Ambos buscam despertar a pureza / e o equilíbrio emocional entre as pessoas / com quem vivem e convivem. / O amor e o respeito constroem a Paz. / Bons princípios projetarão ações singulares / que levarão o povo ao exercício / de cidadania, da dignidade e da harmonia.

Entre os aplausos, visualizei, no fundo do Auditório, a imagem da antiga mestra, momento em que entendi que, a proposta, naquele dia, era um texto em prosa não em verso, modalidade não trabalhada com a turma.

Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 09/06/2024
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