AS RELÍQUIAS DA FEIRA
Na feira de antiguidades do bairro, um garoto de cabelos castanhos rebeldes se aproxima da minha banca: — Disseram-me que o senhor vende máquinas fotográficas antigas… — Vendo sim! Tenho uma relíquia para lhe oferecer… Uma bela Kodak de 1950. — Funciona? — Perfeitamente. — E o filme? — Preto e branco, original da época. Sem nenhuma modificação! — Quanto? — Setenta reais. Ele faz uma cara de decepção. Não gosta. Contudo, seus olhos saltam para uma histórica máquina de escrever. — Essa funciona? — Como no primeiro dia que saiu da fábrica! — E o preço? — Cem reais. Ele coça a cabeça, visivelmente pensativo, até que seus olhos se dispersam novamente, parando em uma peculiar lata de biscoitos desgastada, transformada em cofrinho. — E essa latinha? — Ah, essa é especial. Guarda segredos de décadas. — Quanto? — Oito reais. Ele sorri, interessado, mostrando os dentes de leite faltantes. — O senhor me vende por quatro? — Negócio fechado. Seu sorriso se alarga enquanto me entrega as moedas cuidadosamente guardadas no bolso de sua jaqueta. Antes de sair correndo para encontrar os amigos, vira-se, seus olhos brilhando de alegria, e diz: — O senhor é o melhor vendedor da feira! Tiago Dariano Slompo - 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 07/05/2024
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