Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

O ADEUS

 

Luís Afonso, ao longo de sua infância e da pré-adolescência, curtia jogar futebol, pescar e caçar passarinhos, os quais eram fritos em uma panela de ferro por sua mãe. Após completar dezessete anos, a família mudou-se para a capital do Rio Grande do Sul. Sua adaptação foi lenta. Tudo novo! Os papos dos colegas não tinham nada em comum com os seus interesses.

Foi ao ingressar na faculdade que passou a ver Porto Alegre com outros olhos. O grupo tinha mais maturidades e as meninas eram super interessantes. Nas férias de inverno e de verão, retornava à sua cidade natal. O seu passatempo predileto e o dos amigos continuavam o mesmo: caçar passarinhos. Esses, agora, preparados pelas mães dos companheiros de caça. Um ano depois de concluir o curso superior, casou-se com uma garota de Santa Catarina que conhecera no baile de formatura. Tiveram três filhos: dois meninos e uma meninas. Como profissional, fez bastante sucesso. Os filhos cresceram, casaram-se e chegaram os netos. Aposentou-se... Nos primeiros anos, fez as viagens tão desejadas. Considerava-se realizado.

Em 13 de maio de 2017, na festa de aniversário de um dos netos, ao comer uma fatia do bolo, sentiu desconforto a engolir, desconfortou esse que se acentou no decorrer da semana. Acreditando ser um probleminha de garganta, auto medicou-se; porém, o quadro permaneceu igual, o que o levou a marcar uma consulta.

Na ocasião, o médico solicitou, com urgência, uma série de exames. No retorno de Luís Afonso, ao consultório, após análise dos exames, Dr. Paulo confirmou a sua supeita: o amigo e paciente estava com câncer no esôfago. De imediato, inciaram a quimioterapia, mas os resultados não foram os esperados. Luís Afonso, por começar a perder peso e ter dificuldades para engolir líquidos e papinhas foi hospitalizado. Sua situação, a cada dia, agravava-se mais e mais.

No dia 12 de agosto, quando uma técnica de enfermagem foi vê-lo, abriu a janela do quarto. Nisso, um passarinho entrou e posou na cabeceira da cama. Ignorando a presença de pessoas, cantou, momento esse em que Luís Afonso veio a óbito.

Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 15/05/2023
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