Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

O APAGÃO NO ANIVERSÁRIO 

 

O dia estava ótimo! Jovens passeavam alegres no Parque dos Sonhos. Gabriel, um menino moreno, que adorava interpretar o Sherlock Holmes, o investigador britânico, que resolvia todos os enigmáticos mistérios da Inglaterra, era um deles.

O detetive era seu ídolo, personagem que de fato não existia na vida real; contudo, era real para o garoto. Seu amigo o orientava nas investigações de crimes; dinâmica dupla que não deixa nenhuma pista, para trás, sem antes descobrir a charada.

No dia do aniversário de um colega, Gabriel vestiu-se elegantemente como Sherlock. A festa era à fantasia. O detetive debochou de sua fantasia, dizendo que não estava nada parecido com ele. Na sua visão, elegância era algo que faltava ao jovem que afirmava inspirar-se no seu visual. O dia seria especial! Gabriel aguardava o momento para entrar no famoso parque e, na festa, comer do famoso bolo de chocolate. Há uma semana não comia doces.

“Aniversario é tudo de bom!”, pensou Gabriel, com a barriga roncando de fome. Sherlock, enquanto reclamava do menino guloso, percebeu que o presente escolhido por ele, fora trocado por algo maior, mas deixou a questão de lado, considerando a hipótese de que Gabriel escolhera outro presente para dar ao aniversariante.

Chegando ao parque, ficou maravilhado com o cenário. O local estava cheio de coloridos enfeites como o esperado. Gabriel, surpreendeu-se que outros convidados estavam vestidos à Sherlock Holmes.  Não era o único!

O aniversariante estava fantasiado de lagosta, seu animal preferido, o que causou espanto em muitos, inclusive em Gabriel. Feliz, gabou-se do seu visual ser do animal que tanto amava. Gabriel achou exagerado todo esse amor por um bicho sem graça. Pensou:

– Gosto não deve ser discutido e, sim, ser aceito.

De súbito, as luzes se apagaram. Ninguém entendeu o ocorrido, nem o cara que estava fazendo dezessete anos e ainda tinha medo de fantasma. Gabriel achou suspeito o apagão. Havia muitos seguranças protegendo a área. Mesmo que tivesse um penetra, não conseguiria entrar com a guarda ativa, ao menos que fosse um dos seus colegas. Saindo para buscar lanternas, Gabriel percebeu que a caixa de luz fora mexida e que os presentes tinham sumido. Notou marcas de sapatos de salto alto. Passou a investigar, uma por uma, das meninas. O resultado foi uma decepção. Mesmo tendo pistas não conseguiu nada com o depoimento das suas colegas. No interrogatório, alegaram não saber nada do apagão e do desaparecimento dos presentes, situação que as deixaram furiosas, gastaram horrores para tudo sumir misteriosamente.

Desaminado, deu uma caminhada no bosque. Estava estressado por não entender o que lhe faltava para descobrir o culpado do roubo. Sem muito, que fazer, restava-lhe esperar que o seu cérebro acorda-se. Sherlock, vendo a frustação do amigo, contou-lhe que viu uma mulher alta, em atitude suspeita, a mesma senhora que antes vira conversado com os pais do aniversariante.

Determinado a resolver o mistério do apagão, foi em direção aos suspeitos e as luzes, repentinamente, acenderam-se. Na mesa, os presentes de volta. Embora contente, questionou os pais do aniversariante. Esses os tentaram enrolar; contudo, dava para perceber a verdade em seus olhos. Gabriel, ao ver uma mulher de boné, saindo rápido do local, foi atrás dela. Precisava acabar com aquele suspense! Ao lhe pular, em cima dela, e tirar-lhe o boné, viu que era a sua mãe. Chocado, ajuda-a a levantar-se, ficando constrangido por tê-la derrubado.

Sua mãe explicou a situação, havia trocado o presente do garoto por um aspirador, que tinha comprado para um parente. Desesperada para recuperá-lo, falou com os pais do aniversariante. Optaram por apagar as luzes e pegar os presentes para localizar o aspirador. Depois de uma hora, ela encontrou e deixou os demais presentes na mesa inclusive o do seu filho. Avisados, os pais do rapaz acenderam as luzes. Tentava ir embora, quando o seu filho a derrubou no chão.

Surpresos com a história, todos ficaram boquiabertos. Jamais esqueceram essa festa. Sentiram-se num verdadeiro filme de mistério, o que tornou a noite inesquecível.

 

Maria Fernanda da Silva Silva – 16 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 15/01/2023


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