Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

CULTIVANDO VIRTUDES

 

Nada é por acaso. Depois de mais de dois anos de uma doença que mudou a vida de todos, expondo fraquezas, incentivando o medo, o Covid-19 trouxe consigo o convite à transformação de velhos hábitos.

Se prestarmos atenção, o modo de vida que somos levados a cultivar, com a persistência do vírus, leva à reflexão. A introspecção, a melancolia, as lembranças acerca de como tudo era antes da doença impulsionam todos à valorização do contato.

Nunca o olhar nos olhos das outras pessoas foi tão valorizado. Os momentos em que o contato com as qualidades do outro e com as nossas passaram a ser deveras queridos. A bondade, a compaixão e a dignidade ganharam espaço, porque, enfim, em tempos de imediatismo e redes sociais, fomos obrigados a desacelerar, para cultivarmos as virtudes esmaecidas.

Ainda somos maltratados pela saudade e pela nostalgia, isto é, inegável. Mas já possuímos medicação para estas mazelas. Ela reside na coragem em ir à rua e não esquecer jamais quem nos é caro. Trocar contato com seres reformados, interiormente, depois de tanto tempo. Coragem para ir à rua e trabalhar com todos os protocolos de segurança, abandonando, do vocabulário, as expressões de derrotismo: “Não aguento mais!”, “Até quando!”

Enfim, já é assegurado que, com a ternura, a harmonia e a troca de gentilezas, enfrentamos com mais força qualquer condição de saúde. Para a cura, cultivar virtudes, olhar nos olhos, descobrir os mistérios e sonhos da outra pessoa, nunca foi tão necessário.

Alan Juliano Mader de Matos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 23/01/2022


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