Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos


 

O GARFO E A FACA

 

Com o cabo azul marinho, este conjunto de faca, garfo e colher vivem de implicância por culpa do garfo e da faca, desde que eles habitavam uma loja.  Picuinhas eram ditas a toda hora. A pobre da colher, que estava no meio dos dois, ficava completamente enlouquecida com esta rivalidade. Estúpidos xingamentos eram falados sem contexto nenhum. Após dois meses expostos, o conjunto foi comprado por uma senhora de uns sessenta anos. Na gaveta da compradora, as brigas não pararam, pelo contrário, só aumentavam.

A faca dizia:

– Eu consigo cortar coisas, tu não.

O garfo respondia assim:

– Tu podes machucar, eu pelo contrário sou querido.

Discussões como essa acontecem todo santo dia. A colher pelo menos não ficava mais louca, tinha feito amigos na gaveta, assim conseguia ficar distraída. Num outro dia, houve outra briga ridícula, motivada para saber qual dos dois era mais útil. Essa foi a briga que os dois já tiveram. Quando a senhora foi jantar, ela pegou os talheres e, toda vez que ela ia utilizá-los, ambos faziam barulhos estridentes para mostrar quem era o maioral. Uma briga de dois perdedores. Era muita rivalidade tosca, patética, que parecia ser uma quinta série, que não tinha tempo para terminar. Fico feliz pela colher, esta realmente arrumou alguém melhor, é uma santa por ter aguentado aqueles dois por tanto tempo. Desejo maturidade ao garfo e à faca, apenas isso.

Helena Anele Faillace - 15 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 28/10/2021


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