![]() MANTELAR Toda minha vida me colori de te constrói, te cria, te inventa, até que a boca se areou e os olhos deixaram de tempestar. Respirei todos os meus medos, esses que me fantasmam os dedos quando me martelo e (martelo) meus erros. Me pintei de ergue essa casa, aí inventei de me refazer com os destroços inteiros dos materiais que me faltam. Me martelei, me guindei parafusei meu coração no lugar, um pouco mais pra direita pra não me desequilibrar. Acabei errando o furo: perfurei fundo no meu peito e nem pra sangrar sangrei o gesso rebocado do passado e do futuro. Só me atravessei de lá até cá, e me olhei e que dor! poderia ter berrado mas as farpas iam (tres)passar. E meu martelar não podia se emudecer, já que seria só me errando de novo que com as lascas em janelas eu construiria o meu novo lar. Marina Solé Pagot – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 20/09/2021
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