Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



MEDO DA SOLIDÃO
 
Era uma vez, uma garota de dezoito anos chamada Alice, que sempre fora uma pessoa de bom coração. Isso, graças aos pais que a ensinaram bem como viver a vida de uma ótima maneira. Alice, desde pequena, teve excelentes amigos, pessoas com as quais podia contar em todos os momentos, principalmente, nos difíceis. Os amigos também sabiam que podiam contar com ela para tudo, tinham noção de que ela teria imensa vontade de ajudar aquele que estivesse passando por um momento ruim, ou, simplesmente, precisasse desabafar, botando seus anseios para fora.
Conforme o tempo passou, Alice e os amigos cresceram compartilhando situações marcantes. Para a surpresa de muitos, infelizmente, essa convivência não durou para sempre. Depois de Alice e seus amigos terem completado o ensino médio, todos tomaram rumos diferentes. Ambos ficaram bastante tristes, embora cientes de que percorrer o caminho que seus corações desejavam, era o ideal a ser feito. Para Alice, essa decisão não foi nada fácil.
Inicialmente, ela concordou com a ideia, e disse que estava tudo bem, apesar de que ela mesma sabia que não estava nem um pouco contente com a situação.
Alice, após prestar vestibular, ingressou numa ótima faculdade. Seus pais tiveram o prazer de ajudá-la a escolher a universidade. O lugar era bonito e repleto de jovens, com os quais achava que iria dar-se bem; porém, infelizmente, as coisas não andaram como pensou que andariam. Alice era uma jovem bonita, assim como os pais; no entanto, mesmo assim, não conseguiu fazer sequer um novo amigo, na faculdade, pelo fato de que os colegas acham sua personalidade estranha. Queria entender o porquê de isso estar lhe acontecendo; era uma garota alegre e de bom coração. Tal realidade levou-a a questionar-se, por várias vezes, sobre o motivo de não gostarem de ficar perto dela. Após se autoanalisar, não encontrou a desejada resposta. Mesmo sentindo-se rejeitada, não tinha coragem de contar aos pais do problema, e, o mesmo vale, para os amigos de infância. Insistia em dizer a todos que estava bem, quando, na verdade, a situação não estava nem um pouco agradável.
Conforme o tempo passava, Alice foi ficando cada vez mais triste, chegando a um estado, em que só queria ficar em casa; ao ponto de nem, ao menos, ter um pouco de vontade de ir à faculdade. Sentia-se péssima, como se o mundo, à sua volta, estivesse sombrio. Assim, a tristeza a estava consumindo lentamente. Alice, à medida dos dias, não conseguiu mais esconder sua tristeza dos pais, dos antigos amigos e, até mesmo, dos colegas da faculdade, preocupando-lhes muito, o que os fizeram aproximar-se dela.
Apesar de todos demonstrarem estar preocupados, Alice sabia que a turma só estava agindo diferente, porque sentiam pena dela, e, não, porque realmente gostariam de ser seus amigos. Sua dor era insuportável!
Depois de um tempo, Alice parou de ir à faculdade. Os pais, que estavam muito preocupados, já haviam tentado falar com ela várias vezes, mas ela sempre se recusava a ouvi-los. Um dia, depois de aconselharem-se com familiares, tiveram a ideia de promover um encontro de jovens em sua casa, chamando os antigos amigos de infância da filha, na esperança de fazer com que ela melhorasse. Combinaram o dia com os pais da garotada. Tudo caminhava bem quanto à organização do encontro. Tinha que funcionar! Alice iria voltar a ser a menina alegre de outrora, depois dessa celebração, fato do qual os pais e os amigos não tinham dúvidas.
O grande dia chegou! Os pais de Alice a avisaram que teriam visita em casa, ela não sabia que a visita envolveria seus antigos amigos. Depois de algumas horas, seus amigos chegaram acompanhados dos pais. Assim que entraram, foram ao quarto de Alice, para fazer-lhes uma surpresa. Depois dos pais insistirem para que destrancasse a porta, ela abriu. Todos, numa só voz, gritaram: “Surpresa!”. A partir desse momento, amigos e pais abraçaram-na com muito amor e afeto. Disseram-lhe não merecer estar passando por isso, e, que deveria fazer o melhor para que seu coração ficasse bem novamente, chegando ao ponto de dizerem que fariam qualquer coisa para fazer com que voltasse ao normal, alegre e sorridente como na infância. Depois de ouvir inúmeras palavras bonitas, Alice, chorando, repetidamente, pediu desculpas a todos e prometeu que voltaria a ser uma jovem feliz.  Alice foi aconselhada a sempre sorrir e ser positiva. Depois desse momento reconfortante, Alice ficou com uma expressão facial completamente diferente, a ponto de fazer com que a energia sombria que abrigava em seu coração, fosse repelida, voltando a emitir a luzes positivas, deixando a todos alegres e aliviados, e gratos a Deus por tudo ter acabado bem. Após, os amigos e os seus pais irem embora, Alice recolheu-se a quarto e refletiu sobre o que fazer a seguir. De algo, tinha certeza, faria o possível e o impossível para impedir que a tristeza voltasse a assombrá-la outra vez. Sentia-se forte por saber que podia contar com os seus pais e os seus amigos.
O ocorrido a fez resgatar da memória uma frase, que, por muitos anos, fora-lhe uma espécie de lema: “Alice, assim como nós podemos contar contigo, saiba que o mesmo vale para você. Sempre que precisar de ajuda, estaremos ao teu lado para te apoiar e vivenciar momentos incríveis juntos, tanto fisicamente quanto mentalmente".
Lucca Griebler Reche - 16 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 04/09/2021
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