COMPASSO DO TEU AMOR Foi com esta tua boca de silêncios que tu deixaste teu gosto ensurdecedor na minha pele; este sabor de ruído corrosivo que me pinta de ti. Foram com teus abraços de aço que tu me sangraste as pontas coloridas dos dedos; esses que se tornaram partitura viva. Foi com tua língua harmoniosa que tu relampejaste teus verbos sussurrantes de amor; esses que me vestiram de ti por um concerto inteiro. E eu já tentei de tudo: afogar a tua voz de cordas desafinadas e enferrujadas; queimar as tuas letras que palhetam as minhas histórias; rasgar- te, quebrar-te, despedaçar-te de mim. E nada. Na minha pele, sempre a tua melodia surda. É tua canção de memórias e saudades que pulsa na cadência dos meus pulmões. Já não tento entupir meus ouvidos com novos instrumentos e novas notas. Sei que me mudo (e me torno mudo) cada vez que tento te deixares silente. Sei que teu toque, teu acorde, teu ritmo nunca deixarão de batucar nas minhas veias, pois elas estão afinadas no teu tom e sempre estarão afinadas no teu tom. Dessa forma, eu me acomodo sobre tuas brasas sonoras e me cubro com a tua água melodiosa. Ouço teus lábios atroadores, tuas mãos tintas e tua língua eufônica. Tu és a música que me compõe. Marina Solé Pagot – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 02/09/2021
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