O NOVO AMANHÃ Saindo de Nova York, estávamos todos no carro e sabíamos que nossas vidas estavam prestes a mudar, tão logo mudássemos para a China. Eu e meu irmão mais velho, o Jonas, de 19 anos, não gostamos da ideia de nos mudarmos. Para começar, não queríamos deixar as namoradas e amigos; segundo, suspeitávamos de um playboy dando em cima de nossas garotas; terceiro, deixaríamos para sempre boas memórias criadas em Nova York, do que não pretendíamos abrir mão disso. Parecia-nos que o sol estava nos guiando em nossa jornada, seguindo a um rumo desconhecido; temíamos que o lugar fosse horrível de adaptação; medo que se tornou realidade. Felizmente, aquele péssimo lugar, num piscar de olhos, transformou-se num lindo amanhecer. Para entender melhor sobre o que estou falando, vamos retomar as situações. Minha mãe, Luciane, e meu pai, Joaquin, são médicos habilidosos que ganham a vida com o seu trabalho para sustentar a nossa família; reconhecidos por serem ótimos cirurgiões de forma mundial. Suas atividades duraram até um certo ponto. Ninguém suspeitava da dimensão da dívida que o hospital tinha com os sócios. Foi esse problema que nos levou a mudarmos para a China. Meu pai fala chinês muito bem; trabalharia numa empresa famosa da China. Minha mãe sabia um pouco de chinês; trabalharia como chefe de uma empresa, onde todos sabem a língua portuguesa. Quando nossos pais contaram-nos da mudança, eu e o meu irmão respondemos ao mesmo tempo: – Claro que não! Disse eu gritando com minha mãe: – Mãe, isso é uma péssima ideia, eu nem sei falar chinês. Imagina o vexame que vou ter que pagar em público. – Gustavo Fernandes da Silva, não levante a voz para mim! – disse a mãe Luciane – Você vai aprender a língua; conhecerá gente nova e poderá ter novas amizades na escola nova e não com más influências. – Mãe, o pirralho escandaloso está certo! – disse Jonas – E como fica a minha popularidade com as garotas e com os meus compadres? – Calma, filhão! Só porque vai se mudar, não quer dizer que vai ser o fim do mundo. Quem sabe você não a arranje namoradas lindas lá? – falou o pai Joaquin se divertindo, ao ver a dramatização exagerada do filho mais velho, lembrando-se da sua juventude. Ouvindo isso, mamãe, de cara séria e brava parou à frente do pai. Pela reação de meu pai, dava para afirmar que estava aterrorizado com a expressão do rosto da esposa; sabia o que aquilo significava. Ele parecia um rato encurralado por uma cobra de olhos afiados preste a ser devorado pelo pavor, Mamãe, agarrando forte o ombro de pai, disse: – Acho melhor repensar no que disse ao nosso filho. Você sabe que eu não pego leve! Meu pai entendeu o recado dado por minha mãe e balançou a cabeça, concordando. Em seguida, fomos arrastados à força por nossos pais. Não gostamos, nem um pouco, de sermos derrotados. Ao partirmos para o novo país, a caminho do aeroporto, estávamos entediados, exceto nossos pais, que catavam suas músicas antigas. Tivemos que aguentar o horrível canto. Nossas cabeças explodiam. As notas, distorcidas, e estenderam-se por todo o caminho. Chegando ao nosso destino, todos estavam felizes, exceto eu. Todos da família estavam lidando bem com a mudança, mas, para mim, a mudança era como um campo de batalha, onde eu não poderia derrotar os dias péssimos que viriam pela frente. Enquanto estava indo a minha casa, tropecei à beira da praça. Quando dei conta de mim, era tarde demais, cai no lago. Nesse tempo, não sabia como sair desta situação até que perdi a consciência. Ao abrir os olhos, além de perceber que estava todo encharcado, vi várias pessoas à minha volta perguntando se eu estava nem. Meus olhos encheram=se de lagrimas de frustação e de triste, ao ver o corpo do meu irmão morto à frente dos policias. Depois do enterro, senti-me culpado como se eu tivesse feito um ato imperdoável. Por muitas horas, fiquei o tempo todo no quarto. Meus pais tentaram me animar, mas de nada adiantou. Quando tudo estava preto e branco, ouvi um monte de gente conversando e sai. Lá, encontrei meus pias, alguns colegas e outras pessoa apoiando-me como se dissessem para eu espantar a tristeza e ficasse feliz, meu irmão mão me deixara, espiritualmente estava comigo. Com o tempo, superei a tristeza e segui meu caminho com um sorriso no rosto. Adulto, passei a dar palestras aos meus alunos. Num certo momento, senti que meu irmão me guiava para nossa casa. Ao chegar, tudo brilhava como a luz do sol e, num piscar de olhos, tornou-se um lindo amanhã. Maria Fernanda da Silva Silva – 14 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 12/05/2021
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