Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



UM ALERTA
 
Eu estava em meu quarto, não sei por que me veio a ideia de ir ao quarto de minha mãe já falecida.
Entrei, estava tudo arrumado, janelas abertas, eu conseguia ver o vento sacudindo arvores e a chuva caindo dando pequenos barulhos no telhado.
Ela costumava ter um criado mudo do lado da cama e, nele, havia.
Porta retratos com fotos de todos os seus filhos, inclusive meu.
Reparei que o meu estava no chão, quebrado. Será o vento que fez cair?
Quando cheguei mais perto, vi um papel meio pardo, queimado e antigo, no chão junto com a foto, escrito. Peguei a carta e comecei a ler:
“Querida filha, estou com muitas saudades. Se você está lendo essa carta, é porque chegou o momento certo de saber de uma coisa. Primeiramente, prepare-se, pois não vai ser nada fácil. Tive uma previsão terrível. A partir de março de 2020, vocês irão entrar em pandemia. Não se assuste, cuide dos seus irmãos e da sua avó para mim. Essa pandemia vai ser causada pelo Coronavírus. Tome cuidado, ele irá matar centenas de pessoas. Tem chances de a pandemia acabar no final de 2021 ou no meio de 2022. Tomem cuidado, por favor! Com amor, sua mamãe”.

Terminando de ler, fiquei assustada, mas nem liguei, pensava que era besteira.
No meio de março de 2020 a escola avisou que iremos entrar em pandemia. Não fiquei surpresa, mas sim pasma, pois havia recebido o “aviso”.
Cheguei à casa, fui correndo pegar a carta. Iria mostrar para a minha avó.
Quando ela olhou, não tinha nada. Estava em branco.
Chamou-me de maluca.
Será se que estava mesmo maluca?
Guardei a carta em minha pasta, levei-a para o meu quarto não sei por qual motivo, peguei a carta para dar uma olhada.
Estava lá o aviso, novamente.
Sai correndo. Iria mostrar para a minha vó. Deu o mesmo. Tudo que estava escrito sumira. Ela disse que eu estava delirando.
Eu sabia que não era verdade, que eu tinha certeza que tinha visto o que estava escrito.
A pandemia teve diversas mortes, mas acabou no começo de 2022.
Havia percebido que só eu conseguia ler a carta Chamavam-me de maluca se eu tentava mostrar.
Mas eu sabia que aquilo não era bobagem, a previsão da minha mãe estava certa.
Se alguém acreditava?  N-I-N-G-U-É-M.
Nem me importei mais, eu sabia de tudo que iria acontecer (ou pelo menos uma parte).
Os dias se passaram, e o pesadelo real acabou.
Eu não era a mesma, acreditava que a minha mãe iria me enviar outros avisos. Fiquei à espera, mas não recebi nada.
Infelizmente, não passou de um sonho, acordei-me, no dia 05/03/2021, e ainda continuava a pandemia.
 
 
Maria Kaliandra Camboim Diemer – 15 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 07/03/2021
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