LIQUIDEZ Posso te comparar ao rio: contínuo, risonho, doce. Posso te comparar ao mar: revolto, inquietante, colorido. Posso te comparar ao oceano: misterioso, arrebatador, inesgotável. Posso te comparar ao gelo: duro, frio, bruto. Posso te comparar à chuva: temporal, desastrosa, que dá vida. Posso até te comparar à nuvem: vulnerável, carinhosa, efêmera. E eu? Eu vivo como fogo: pura, resoluta, intensa. E mesmo sendo avassaladora – a cabeça erguida como flama –, extingui-me na tua água: o teu ir e vir de formas e sabores diferentes, de sensações e faces contrárias. Consumi-me em toda tua liquidez de ser, sem antes pensar que uma gota do teu corpo poderia apagar o maior dos meus incêndios. Marina Solé Pagot – 18 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 15/08/2020
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