TEMPESTADE Aqui estou eu... Observando o mundo todo escuro pela janela, as luzes da cidade refletidas nas gotas de chuva que estão escorrendo pelo vidro. Às vezes, sinto-me como a própria chuva, às vezes... sinto-me uma verdadeira tempestade... Uma nuvem que recebe o vapor, o calor, as descargas humanas, as sobras das utilidades... basicamente, as coisas desnecessárias... Vou guardando todas elas dentro de mim, como uma nuvem. A única diferença... é que a nuvem pode libertar-se! Pode gritar! Pode transformar-se em gotas, desfazer-se.... Dentro de mim há uma tempestade... cada aperto em meu coração é um trovão. Porque não posso ser como nuvem...? Não posso descontar isso? Não posso largar...? Em lágrimas representadas por pingos de chuva? Não posso largar o temporal? Para agradar os outros.... Preciso ser sempre esse céu limpo, esse céu iluminado de sol... Preciso esconder as nuvens, preciso esconder o meu eu, preciso segurar todo este temporal por trás das montanhas. Preciso tirar as nuvens para que elas não emitam sombras, das quais farão escuridão, da qual eu me escondo, da qual é iluminada pela cidade, que reflete as gotas de chuva que ainda não caíram... por enquanto... será que consigo segurar...? Será que o arco-íris pode aparecer depois...? Afinal... o sol vai precisar aparecer em algum momento, mesmo eu não querendo... mesmo ele não existindo... mesmo ele estando lá para me esconder, esconder a escuridão. Júlia de Rossi – 14 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 21/06/2020
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