Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos




SAUDADES DAS HISTÓRIAS

Você já teve saudade daquilo que nunca teve? Bom, eu já.
Minha bisavó morreu alguns anos antes de eu nascer, mas minha mãe sempre me contou histórias de sua infância com sua avó. Minha família vem da Itália, por isso minha mãe não a chamava de vovó, e sim de nona, avó em italiano.
A nona saiu de casa, ainda bem jovem, quando se apaixonou por um homem bem mais velho que ela. O casamento era contra a vontade de meu tataravô, pois o homem era um ator. Mesmo assim, a nona se casou e se juntou a sua companhia de teatro. Naquela época, ser atriz era muito mau visto, entretanto ela adorava o teatro.
Logo depois, nasceu a minha avó e a vida estava boa; porém, oito anos depois, meu bisavô morreu. SEM ele, ela não tinha como se sustentar, a companhia de teatro foi-se junto dele. Muito pobre, a nona trabalhou duro para dar a melhor vida possível pra filha.
Muitos anos passaram, a nona teve sua primeira neta, minha mãe. Ela a amava muito e como era apaixonada por teatro, fazia as maiores e melhores brincadeiras de faz de conta.
Mesmo quando minha mãe cresceu, ela continuava a tratando como uma criança. Uma vez, quando minha mãe estava com mais de vinte anos, foi dormir na casa da nona e, quando acordou, sua cama estava rodeada de travesseiros para caso ela caísse da cama.
Quando eu era pequena, passei a fazer aulas de teatro e ficava imaginando como ela se sentiria ao ver minhas apresentações. Às vezes, quando penso nela, sinto uma vontadezinha de chorar, sinto saudade da pessoa das histórias, mesmo nunca a tendo conhecido.
 
 
 
Isabela Back Hans - 16 anos
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 24/11/2019
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