PRELÚDIO Ao olharmos para o lado, Notamos. Acabamos de perceber algo que nunca havíamos antes. O som da tragédia que Desde sempre Ecoou Torna a fazê-lo; A notícia do desastre nos chega de longe, Um grito distorcido que não entendemos, Mas compreendemos Como infeliz alerta de que algo há por vir. Está piorando. O soar da trombeta por cima do morro É prelúdio indelével. É o crocitar dos corvos quando voam em bandos Em direção ao cadáver; É a onda que recua, toma força e vem lavando a cidade. A carcaça do destroier remete a tempos de guerra. Mas como, se os machucados sequer terminaram de sarar? Como, se as feridas que vêm do tempo continuam a sangrar? Anoitece e o sabor da iminência é quase tátil: Podemos ouvi-lo se aproximando, Mas nunca o ver. Estamos perdidos, não há mais volta: A corda que nos aperta se fecha Conforme tentamos nos livrar da sua prisão. As estrelas já não brilham, Mas não deveríamos estar surpresos, não é mesmo? Como nos foi dito há milhões e milhões de anos, "São tempos difíceis." Chegou a hora de escolher sentir muito ou o “sinto muito”. Entre um e outro, Irmãos, Nós sentimos apenas dor. Ariel Fedrizzi
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 24/11/2019
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