UM SONHO E DOCES APLAUSOS Na madrugada do dia dezessete, acordei com o quarto bastante iluminado. Apoiado à porta, meu avô paterno sorria-me. Espontaneamente, perguntei-lhe: – Como o Senhor está? Ele, com um brilho especial em seus lindos olhos azuis, aplaudiu-me e disse: – Querida, tu sempre estarás às voltas com palavras e livros. Não abras mão de teus sonhos. Faça a diferença! Seus aplausos, repletos de amor, carinho e emoção, trouxeram-me lindas lembranças. Com oito anos, passei a me interessar pela escrita. Curtia escrever frases “coloridas”, isto é, ricas de adjetivos. Ao fazer as atividades escolares, caprichava muito no traçado das letras. Tinham que ser perfeitas quanto às minhas criações. Como meus primos não se dispunham a ouvir minhas “artes”, fazia dos bichos (galinhas, porcos, cachorros e gatos) meu público ouvinte. Quando esses emitiam quaisquer ruídos, via-os como gosto e apreço às minhas produções. Agradecia-lhes e saía saltitando pelo quintal. Certa tarde, ao concluir meu trabalho, ouvi aplausos, era meu avô paterno que, após abraçar-me com muito afeto, falou: – Guria, tu, quando cresceres, estarás sempre às voltas com escritos e livros. Cuide bem deles. Sorrindo, beijou minhas mãos e as ergueu para o alto como se estivesse libertando um pássaro. Emocionada, voltei a olhá-lo. Nisso, ele levou as mãos aos lábios, beijou-as e as abriu na minha direção. O quarto, aos poucos, foi escurecendo e eu voltei a dormir. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 01/07/2017
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