CONFUSÕES MATINAIS Enquanto aguardava uma colega, Luna deparou-se com uma cena que, embora a tenha feito rir, também a constrangeu. Um carro estacionou próximo à parada de ônibus. A senhora, ao descer, xingava, enfurecida, o motorista. Depois de um tempo, fechou a porta do carro com estupidez. Com calma, um senhor alto e forte saiu do veículo. Nisso, a doida avançou e começou a bater-lhe no rosto. Ele, que havia deixado os braços cair no corpo, permaneceu imóvel, atitude que, sem dúvidas, irritou-a mais. A mulher, por ser baixinha, para agredir sua vítima, dava pulinhos. Creio que, cansada de ver seu companheiro não reagir, atravessou a rua na direção do ambulatório da cardiologia. O homem, vendo-a afastar-se, agachou-se para averiguar algo embaixo do carro. Ela, ao vê-lo assim, atravessou a Rua Princesa Izabel, deu-lhe um chute na bunda, levando-o a bater o rosto no asfalto. Luana, impulsivamente, gritou: – Que loucura! Só pode ser do mato. Ele, tranquilo, falou: – Dizem que esta diaba tem problemas cardiológicos. Não acredito. O tempo passa e a louca não morre. Há dez anos, vivencio esta realidade. Nina adora fazer show em lugares públicos. Tem necessidade de passar aos outros a ideia que me domina; que sou um fantoche em suas mãos. – O que a prende a sua esposa? – Seu problema de saúde. Não tivemos filhos. Se a senhora a visse em reuniões familiares, ficaria encantada com o seu comportamento. É toda afeto e atenção! – Complicado. – Certa ocasião, comentei com um de seus irmãos que o encanto que existiu no período do namoro havia acabado. Nina, hoje, é só aparências, esconde a verdadeira personalidade e caráter. Nicolas não me deixou terminar as palavras e falou: – Isso acontece quando o homem está enrabichado por outra mulher. Tentei explicar-lhe que o problema era o temperamento de minha mulher, mas ele me deu as costas e foi embora. Meu dia a dia é um constante desconforto. As agruras são muitas. Sinto-me cansado. Deixei de escrever, atividade que me revigorava e fortalecia. Nina sempre que lia uma de minhas produções, ria compulsivamente e recomendava para eu pôr fora, afirmando ser insignificante e boba. Ao chegar a carona, Luana despediu-se, desejando-lhe boa sorte. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 31/03/2017
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