![]() UMA VIAGEM AOS SOLAVANCOS Numa tarde de sábado, ao pegar o ônibus Santa Maria, o motorista comentava com a cobradora que sua primeira volta no dia, tinha sido hilariante. Ao subir a Rua 09 de julho, no Morro da Cruz, Bairro Lomba do Pinheiro, o carro não tinha força suficiente para enfrentar a subida. Mudou uma, duas, três vezes as marchas e nada. De repente, numa 2ª, ele começou a dar solavancos e, assim, chegou ao seu destino, o topo do morro. Passageiros e cobrador olhavam-no ainda assustados. “– Os movimentos eram tão bruscos que as pessoas chegavam bem próximas ao teto. Parar no banco era bastante utópico, pois, todo momento, eram erguidas violentamente; para, em seguida, serem jogadas nos assentos.” O cobrador, banhado em suor, ria. Seu riso era um misto de aventura e nervosismo. Uma senhora idosa, sentindo-se desrespeitada pelo jovem, pegou a bengala e a bateu duas vezes na cabeça do motorista. Um “galo” nasceu-lhe no lado direito da testa. Ele, embora agredido, não parava de rir. Com uma das mãos na testa, olhou-me e disse: – Ainda bem que não estou transportando nenhum escritor ou jornalista. Se isso fosse o contrário, eu me tornaria um astro, às avessas, por um dia. Imprensa curte tragédias. Sorri-lhe e falei: – Tua história me dará uma boa crônica. – Como, senhora? – Moço, sou professora e escritora. – Meu Deus, em que fria cai! – Bom fim de semana! Quando o texto for publicado, prometo enviar-te um exemplar. – Senhora... Senhora... Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 10/11/2013
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