Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



A CARTA OU UMA CARTA?

Aos nove dias do mês de setembro, ao abrir a caixa de correspondência, encontrei várias cartas de jovens participantes do Projeto "Descobrindo um Escritor”, da Profª Marly Terezinha Rodrigues Bressanin, de Jaboti/PR. Apressei-me para lê-las.
A cada leitura, palavras entusiastas e carinhosas, conforme a singularidade de cada emissor. Todas valiosos instrumentos de comunicação, de amor e de afeto, exceto a sexta carta. Que surpresa! Minha correspondente e colaboradora xerocara a sua carta, a qual enviara a muitos outros escritores, fato que me gerou estranhamento e desencanto. Essa portava uma intensa ausência de identidade. Após lê-la, uma certeza, o sentido relacional das palavras perdeu-se em meio à tinta de xérox e insistia em demonstrar sua indiferença e descaracterização.
Reli o texto e tentei entender os motivos que levaram a garota a agir assim, mas os meus sentimentos impediam-me de compreendê-la e mantinham-se arbitrários. Por alguns segundos, vi-a como uma carta aberta; contudo suas palavras não interagiam em meu ser. A mensagem significativa que sempre trouxeram as cartas dessa estudante e que me transmitiam agradáveis emoções, carinho e afeto não mais existiam. As palavras acinzentadas repousavam na folha branca.
Estaria faltando-me pré-disposição para aceitar essa surpreendente situação? Por que ser tão radical já que, frequentemente, uso de torpedos ou de e-mails para me comunicar com familiares e amigos? Não, não há comparação. A cada mensagem dou um diferencial.
Que loucura, mais uma vez a máquina substituindo o homem e neutralizando emoções e sentimentos! A carta é um dos mais antigos meios de comunicação e não pode perder a sua principal marca; a personalização.
Onde ficará a relação substantiva que fora edificada, ao longo de muitos anos, e que tivera como substrato redacional a carta manuscrita? Terá sido destruída por aparelhos tecnológicos ou esmagada pelo corre-corre do dia a dia? Exijo a preservação do passado! Quero o tradicional! Nem tudo neste mundo conturbado pode perder a sua forma original! Mudanças, às vezes, chocam ou geram polêmicas.
Respeitem as normas e as formas de produções textuais.



 
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 25/05/2013
Alterado em 09/01/2014
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.


Comentários

Tela de Claude Monet
Site do Escritor criado por Recanto das Letras