Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



REALIDADE COMOVENTE E CRUEL!
 
No centro de Porto Alegre, é comum vermos nas esquinas crianças e mulheres indígenas sentadas nas calçadas. Esse cenário emociona-me e muito entristece. Sobrevivem com a venda de poucos artesanatos que vendem e com moedas dadas por algumas pessoas que passam pelo local. Nos rostos das mães, nenhuma emoção; no das crianças, um apelo pela vida. Todavia, no ventre da maioria das mulheres, mais uma criança a ser criada nas ruas; quadro doloroso e deprimente!
Onde vivem? O que o governo está fazendo por essas pessoas? Serão elas beneficiadas pelo Projeto das Casas Populares? Faça sol, faça chuva lá estão elas nas calçadas; realidade comovente e cruel.
Chama-me atenção a não presença de homens no cenário. Por onde andarão enquanto seus filhos e esposas enfrentam a fome e os perigos da vida? Em que momento da História de nosso País erros foram cometidos para que, hoje, descendentes de seus primeiros habitantes, vivam tão precariamente e à margem da sociedade.
Ao vê-los, lembro passagens da carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei Dom Manuel:
“[...] A feição deles é serem pardos, maneira de avermelhados, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura... e nisso têm tanta inocência. [...] Todos tão dispostos, tão bem-feitos e galantes com suas tinturas, que pareciam bem. [...] Além do rio, andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem”.
Virão eles, um dia, a viverem dignamente? Quando?

 
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 02/04/2013
Alterado em 09/01/2014
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