FRIA MANHÃ DE JULHO Julho. Sábado. Zero Grau. Ruas desertas. Corações aflitos. Gripe A... Bela Vista. Aconchego do lar. Marília acorda com o barulho de louças na cozinha. Levanta rapidamente e vai verificar o que estava acontecendo. Qual surpresa? Seu marido estava preparando o café para os dois.
Tentou lembrar quando fora a última vez que tal gesto acontecerá, mas não conseguiu. – Amor, vou tomar um banho quente e lavar os cabelos. Não abra a torneira. Está bom? No momento em que separava a roupa para vestir, pensou em ligar a estufa do banheiro, mas acabou desistindo. Tão logo ligasse o chuveiro, o ambiente ficaria aquecido. Devido à baixa temperatura e o sistema ser a gás, a água demorou a aquecer. Enquanto a água caia-lhe pelo corpo, sentiu-se carinhosamente abraçada por agradabilíssimas emoções; de repente, a água esfriou. Rapidamente, chamou o marido: – Amor, abriste alguma torneira? – Não. Estou lendo o jornal. – Querido, veja se não esqueceste algo aberto. – Já disse que não. Por acaso sou criança? Gélida e “envolta” em sabonete, vestiu o roupão e foi à cozinha. Seu marido com um sorriso maroto lavava uma pilha de pratos; pratos limpos que havia retirado do armário. – Álvaro, o que estás fazendo? – Nada! – Nada? Esqueceste que eu estava tomando banho? – Querida, a pouco faltou água. – Faltou água? – É... acabou de vir. Triste e se sentindo totalmente vencida, pegou-lhe a mão e disse: – Amor, volta a leitura de teu jornal; depois, eu lavo. Trêmula, volta ao banho. Julho. Zero Grau. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 28/06/2010
Alterado em 09/01/2014 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |