O ÚLTIMO OLHAR Só em pensar, meu corpo fica todo arrepiado. Em seu último olhar, havia uma sensibilidade desengonçada, certamente, decorrente das dores vivenciadas e do medo da morte. Procurei disfarçar minha tristeza, sorrindo com meiguice e com simplicidade, mas fui traída por algumas lágrimas que escorreram em meu rosto.
“- Garota, limpe essas lágrimas. Nada de tristezas. Chegou minha hora e já estou conformado com a minha partida”. Surpresa e com um olhar dissimulado e esquivo, tentei, mais uma vez, passar despreocupação e tranquilidade, porém, outra vez, fracassei! Ele, cuidadosamente, pegou minhas mãos e disse: “- Não chore, um dia nos reencontraremos e, novamente, trocaremos novas ideias e experiências”. Olhei profundamente nos seus olhos, era visível uma nuvem esbranquiçada a cobri-los. Tentei soltar suas mãos para pedir ajuda, mas estava presa a cadeira. Nada fiz, pois me faltou coragem para deixá-lo só naquele momento. De repente, aquelas mãos envelhecidas e fortes que muito me acalentaram, foram perdendo sua energia e, num último esforço, disse-me: - Não lamentes minha partida pois, em poucos segundos, o céu estará recebendo um grande guerreiro. Se me amas, verdadeiramente, nunca desistas de teus ideais. Conquiste-os por nós. De lá, baterei palmas por estares a realizar nossos sonhos. Serenamente, sorriu e fechou os olhos para sempre. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 12/06/2010
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