A MENINA QUE DESAPRENDEU A SORRIR... Lisiane estava com sete aninhos quando seus pais faleceram. Até então era uma criança feliz, alegre, dócil e extremamente graciosa. Tez clara, cabelos pretos lisos e olhos esverdeados davam-lhe uma beleza singular. Da noite para o dia, sua vida mudou completamente. Sem os pais e não tendo mais avós vivos, o Conselho Tutelar a entregou a ao único irmão de seu pai o qual era casado e tinha dois filhos. Sua esposa a recebeu com frieza e indiferença. Da escola particular à pública. Seu dia-a-dia começava com o cantar dos galos e acabava após limpar a cozinha.
Todos os dias, rezava para seus pais e pedia que lhes dessem uma família que a amasse como eles a amaram. Sentia muita saudade deles. Naquela manhã, seus primos não foram à escola. Enquanto andava pela estrada, percebeu que o céu estava azul e que não havia nenhuma nuvem. Os pássaros cantavam e o campo estava florido. Há quanto tempo não brincava e curtia a natureza! Por alguns minutos, distraiu-se e caiu numa poça d’água. Assustada, voltou para casa. Ao vê-la, sua tia não poupou palavras ofensivas e desprezíveis para xingá-la. Lisiane correu para seu quarto, pegou uma roupa limpa e foi se trocar. Triste, retomou a caminhada, chegando bastante atrasada no colégio. Na sala de aula, esquecia suas dores e saudades. Adorava ouvir as histórias que a professora lia para a turma. Imaginava-se uma princesa morando num castelo, cercada de muito amor, bichos e flores. Certo dia, ao chegar em casa, seu tio a esperava na porta. Tão logo ela entrou, disse-lhe que não dava para continuar morando ali; a casa era pequena e as despesas haviam aumentado muito. Naquela noite, custou a adormecer. Mal o dia amanhecera, um carro parou na frente da casa e um casal a chamou. Receosa, observou-o de longe. A moça, assim que a viu, correu ao seu encontro e a abraçou carinhosamente. Como era bom sentir-se querida e amada! Durante os seis meses que passara com seus tios, desaprendera a sorrir. Lisiane, com o coraçãozinho tomado de esperança e fé, silenciosamente, agradeceu aos pais por estarem lhe abrindo as portas de um novo mundo. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 04/06/2010
Alterado em 09/01/2014 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. |