![]() SONOLENTO BALANÇO “Tardes fagueiras debaixo dos laranjais...” Que criança da minha época não as teve? Horas e horas ficávamos a nos embalar a sombra das laranjeiras. Nossos dias eram repletos de emoções e pautados pelas sensações. Frequentemente, deslumbrava-nos com as brincadeiras de meu avô paterno.
O pomar, naquela época, sugeria-nos festa e diversão, muitas vezes, dando brilho àqueles corações infantis. A natureza era cenário vivo para os encontros da meninada e o tão querido Vô Vicente. Numa fria tarde de inverno, enquanto nos embalávamos, Vovô começou a rir muito. Viramo-nos e lá estava meu irmão dormindo no balanço. Quando acordado, disse: “– Eu tava acordado, sonolento o balanço!” Carinhosamente, foi retirado do balanço e entregue a minha mãe que o colocou na cama para dormir. O amor e o carinho eram símbolos da felicidade e da esperança. Infelizmente, esse universo mágico e encantado desmoronou num dezenove de agosto com o falecimento repentino de vovô. Oh! Aquele pomar, outrora tão magnífico, de um dia para o outro, perdeu sua beleza e passou a acolher nosso sofrimento. Nosso mundo de sonhos e fantasias tornara-se um refúgio frio e escuro. E, “a sombra dos laranjais”, crianças inconsoláveis extravasavam suas tristezas e dores. A infância, como momento de amor, espontaneidade, beleza e inocência, renasce constantemente pela saudade e pelo carinho que trago por meu avô em meu coração. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 04/06/2010
Alterado em 09/01/2014 Copyright © 2010. Todos os direitos reservados. Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor. Comentários
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