A chuva cai torrencialmente. Todos buscam proteger-se, exceto alguns pássaros que se divertem em meio a enxurrada. Voam e revoam como se estivessem num palco diante de uma grande platéia. Mergulham felizes e alegres entre as folhas das palmeiras, sem esbarrar em nada. Parecem crianças a brincar num parque em dia ensolarado.
O vento açoita-lhes fortemente; no entanto, tudo é festa e descontração. Jamais imaginei ver uma cena tão envolvente e magnífica num momento em que cai uma grande tempestade. Silenciosamente, brindo o instante e passo a refletir sobre os gestos que tenho a partir do momento que acordo até o término do dia.
O ar nos é precioso e importante; todavia, que efeitos ou consequências um cumprimento, ou um muito obrigado, dito espontaneamente a alguém que está a nos prestar algum serviço, pode provocar? Poderemos, nós, com tais atitudes, transmitir esperança ou propiciar uma nova visão a essas pessoas, levando-as a traçar sonhos e objetivos? Os males físicos provocam danos; entretanto, os da alma são piores e custam mais a cicatrizar.
O canto de um passarinho traz-me a realidade. Indiferente a minha presença e a tempestade, entra na sala de estar e, docilmente, pousa no computador. Sinto uma intensa paz e tranquilidade. Em segundos, muitas coisas se esclarecem. Surpresa, aproximo-me da porta e ele se vai... com a mesma naturalidade que chegou. A sensação é de liberdade, de harmonia e de muita felicidade.
Esse cenário mágico reforça-me a ideia de que a vida é um processo presente e contínuo.