Porquês... Porquês...

Servirão eles para especificar-nos

ansiedades e dúvidas?

Ou terão como função

fazer-nos refletir

sobre atitudes e relacionamentos?

Tais questionamentos

poderão levar-me a mudanças?

Talvez...

Porquês... Porquês...

Em que ponto de minha caminhada

perdi minha base sociológica?

Estará ela adormecida?

Como a aflorar?

enquanto observo nuvens

invadindo o céu.

Ao longe, vozes trêmulas

transpassam-me tristeza e dor.

Meu eu, coberto

por um forte nevoeiro,

busca iluminar-se

por raios de esperança

e intensas expectativas.

Um ronronar aflorou doces lembranças

em meu coração.

Amiga fiel, sempre me aguardava

deitadinha na porta.

Recebia-me com muito carinho e amor.

“Menina” inteligente e delicada,

de corpo gracioso e pernas longas,

olhinhos amendoados e esverdeados,

entendia-me mais que qualquer pessoa.

Fazem-me lembrar

da minha história de vida.

No despertar da maturidade,

sementes colhi;

que hoje, frutos me deram.

Aprendi com as flores

que a noite pode chegar

aos nossos corações

como um deslumbrante canto,

despertando emoções contidas

e ideais futuros num contexto

fraterno e harmônico.