Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



CATALEPSIA PATOLÓGICA 
 
Na década de 30, a catalepsia era praticamente desconhecida. Muitos catalépticos eram enterrados vivos, por médicos os considerarem mortos. Manoela costuma contar que, durante o velório de sua madrinha Anna, quando o padre terminou a encomendação do corpo, ela despertou, assombrando os presentes. A suposta morta, ao ver-se num caixão envolta de flores e usando mortalha, surtou. Familiares e amigos, de imediato, retiram-na do ataúde e a levaram para dentro de casa.
O velório acontecia à sombra de uma figueira. A sala não comportava a todos. Vizinhos, amigos e familiares estavam no local para despedir-se da pobre moça.
O “desmaio”, catalepsia patológica, durou cerca de vinte e três horas. Para alguns, Dona Anna ter acordado durante o velório, significava poderes sobrenaturais; outros diziam que ela havia voltado para vingar-se da família do ex-noivo por terem se oposto ao casamento do casal. Era filha de colonos; o rapaz, estancieiro.
Aos poucos, o grupo se dispersou, ficando na casa, os pais e o médico da família que, em certo momento, balbuciou:
– Agosto, 13, sexta feira.
72 horas após o sinistro acontecimento, Anna foi encontrada inconsciente em seu quarto. O pai mandou buscar o médico da cidade vizinha, o qual confirmou o óbito, mas, mesmo assim, a mãe não permitiu que a filha fosse retirada de seus aposentos. Aguardaram, aproximadamente, trinta horas, para realizarem o sepultamento, pois temiam que a história se repetisse. Ainda não havia recursos tecnológicos que diagnosticassem o problema.
Manoela e as demais crianças viram o fato como algo mágico e fenomenal.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 28/02/2017
Alterado em 05/03/2017
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