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 GUILHERMINA Aos dezoito anos, casou-se com Jardel, um jovem criador de abelhas, de Campo Bom, interior do Rio Grande do Sul. No início, a jovem enfrentou dificuldades para adaptar-se à nova vida; sempre morara na cidade. Uma vez ao mês, viajava a capital, a fim de rever os pais. Numa dessas visitas, teve tonturas e náuseas. Dona Eloísa, sua mãe, achou importante ela ir ao médico antes de retornar ao sítio. Guilhermina estava grávida. Sete meses depois, nasceu Virgílio. Jardel pouco parava em casa. Dizia: – Cuidar do apiário exige presença constante. Casa e filhos são obrigações da mulher. Um ano depois, chegou Eliezer. Nos primeiros meses, Jardel aproximou-se da esposa, mas, por serem os meninos hiperativos, voltou à rotina. Guilhermina sentia-se exausta. O marido, quando os filhos bagunçavam, falava: – Minha mãe, criou onze e papai nunca encontrou o lar desorganizado. Guilhermina, além de ouvir, calada, as queixas, dormia mal e, durante o dia, nenhum segundo de descanso tinha. Numa manhã, ao estender a roupa no varal, desmaiou. Os pequeninos pediram ajuda a uma vizinha, que, assim que a viu, disse: – Será que agora vem a guria que teu marido tanto quer? – Não. Não pode ser. Com três, vou enlouquecer. – Vai uns dias à casa de teus avós. Eles gostam das crianças. Após conversar com o marido, telefonou ao seu Karl e avisou-lhe que iria, com os meninos, visitá-los. Adoravam estar com os bisnetos. Nesse período, descansou e refez as energias. A gravidez foi tranquila. Engordara nove quilos; a barriga e o rosto estavam redondinhos. Para a maioria dos familiares e amigos, uma menina. Jardel alegrou-se com a ideia, chegando a ajudá-la nas tarefas da casa e a cuidar dos meninos. Ao entrar em trabalho de parto, Guilhermina foi ao apiário avisar o marido. Chegando, foi picada por inúmeras abelhas. No hospital, submetida à cesárea, faleceu, devido a choque anafilático, reação ocorrida por ser alérgica à picada dos insetos. Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 26/11/2016
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