MISTÉRIOS NO BAIRRO

Palavras inconvenientes e vulgares vinham gerando estranhamento e incômodo aos moradores da Rua Nova York. Sempre que o relógio marcava meia-noite, o barulho começava. Alguns moradores, bastante estressados, solicitaram à Ronda Policial ajuda. Essa, numa postura comprometida, séria e rígida, visitara todas as casas abandonadas e terrenos baldios, nada encontrando.
Certa noite, no momento em que uma viatura aproxima-se do local, palavras ofensivas e desrespeitosas passaram a ser repetidas em alto tom. Um dos policiais achou que o som vinha do interior de um bueiro. Estacionaram o carro e foram averiguar. Com uma lanterna, iluminaram o buraco, mas nada encontraram. O som parecia vir de todos os lados.
Dois dias depois, quando o Policiamento Noturno passava na Av. Plínio Milano, as agressões verbais reiniciaram. Tudo foi verificado e, mais uma vez, nada fora encontrado.
Passada uma semana, numa noite de vento, no momento que uma policial passava na Av. Dom Pedro, os desagradáveis sons iniciaram. Essa pediu auxílio aos colegas de plantão.
Frente à movimentação, um morador de rua aproximou-se e disse ter visto um rapaz saindo do bueiro. Choveram perguntas e ele foi explicando que não havia bebido nem usado drogas.
Sendo assim, alguém terá que entrar e verificar o que há ali dentro, falou a moça. Os policiais homens argumentaram que eram grandes e fortes, não sendo possível. Olharam-se e disseram:
– A Rose vai e, nós, daqui lhe damos proteção.
O mendigo irritado manifestou-se:
– Que sacanagem mandar uma dama fazer trabalho de macho. Eu vou, mas antes quero saber quanto vão pagar pelo serviço.
Após acertos, o morador de rua, com uma lanterna na mão, entrou no bueiro. Tempo depois, retornou à calçada trazendo um gravador, o qual foi levado para perícia.
No aparelho, as impressões digitais do mendigo e dos policiais.
O responsável pelos Mistérios no Bairro não fora descoberto. No laudo, os analistas colocaram que as montagens pornôs foram feitas por profissional.