Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



UM OLHAR QUE MARCOU A MINHA INFÂNCIA

Desde pequenina, tive muita admiração por vô Vicente e vô Ramon. Esses foram meus ídolos e modelos de vida. À medida que crescia, percebi, no olhar de meu pai, uma forte semelhança com o olhar de meus avós. Nele, o mesmo afeto, o mesmo amor.
Em certas ocasiões, seu olhar ganhava significados diferentes. Tudo dependia das minhas atitudes: adequadas, brilhante e sorridente; travessas, tristonho e corretivo.
Num 13 de agosto, papai entrou no meu quarto e olhou-me com tamanha dor e sofrimento que conclui ter acontecido algo muito triste. Por alguns instantes, nenhuma palavra. Silêncio. Depois, olhando-me nos olhos e segurando minhas mãos, disse:
- Teu avô faleceu.
Este olhar marcou a minha infância. Nele havia desencanto e mágoa. Meu pai era um menino abandonado e perdido; eu, uma adulta a confortá-lo.




 
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 14/07/2013
Alterado em 14/07/2013
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