Ilda Maria Costa Brasil, Celeiro da Alma

"Sonhar é acordar-se para dentro." Mario Quintana

Textos



IGUAPE, REDUTO DOS PESCADORES!

No verão de 2003, Paula e seus familiares foram passar o fim de semana no litoral paulista. No sábado à tarde, foram visitar a praia dos pescadores. Ao chegar, constataram que a paisagem era fascinante. A água do mar era límpida como um diamante; a brisa, envolvente e sedutora; os gestos dos pescadores, harmônicos e seguros, que corpos e almas se deixavam embalar por eles. Em meio aos barcos e aos homens, aves brancas ora voavam em revoadas suaves e dóceis, ora agitadas e rasteiramente. Algumas pousavam ousadamente nas bordas dos barcos. O momento era musical!
Os pescadores pareciam não perceber toda aquela beleza, pois continuavam o trabalho, indiferentes. Recolhiam as redes, selecionavam os peixes e devolviam ao mar os que não lhes eram úteis. Nesse ritual, demonstravam uma extraordinária capacidade de concentração e de profissionalismo. Os movimentos eram práticos e de interesses imediatos.
Um pescador se destacava entre os demais. Sua pele bronzeada e seu porte físico não perdem em beleza, encantamento e sedução de Reynaldo Gianecchini, ator global, ou de Fernando Jorej, modelo gaúcho.
Paula fotografava a tudo e a todos euforicamente. Ao notarem que estavam sendo fotografados, assustados, olharam os visitantes e, rapidamente, ajeitaram os bonés, de tal forma que esses lhes cobrissem boa parte de seus rostos. Um senhor mais velho, talvez o chefe, falou calmamente com o grupo e, a passos largos e firmes, foi em direção a Paula. Cumprimentou-a polidamente e perguntou:
– A senhora é da fiscalização? O produto será confiscado? Dona, a pesca é ilegal nesta época, mas precisamos sustentar nossas famílias, por favor!
Paula sorriu-lhe e disse que se tranquilizasse, pois morava na capital e não trabalhava para o governo. Curtia a natureza e a cena era fenomenal! O pescador fez uma reverência com a cabeça e se afastou. Chegando aos companheiros, integrou-se ao trabalho sem dizer uma só palavra.
Aves, pescadores e mar agiam em sincronia. Algumas gaivotas e marrecas mergulhavam para pegarem os peixes excluídos; outras se aproximavam dos homens, transformando o cenário num magnífico quadro. Quando as redes eram arremessadas, levantavam em revoada e a água do mar encrespava, resplandecendo todas as cores, como um grande arco-íris.

Para os pescadores, esta tarde foi mais uma do seu cotidiano; para Paula e seus familiares, uma dádiva divina.



 
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 25/04/2013
Alterado em 09/01/2014
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